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Qual guitarra é mais adequada para mim ? (parte III)

domingo, 30 de setembro de 2012


Na terceira parte do artigo, vamos analisar as vantagens e as desvantagens dos modelos conhecidos como "Superstrats" ou "Superstratos" !

Caso não tenha lido as parte anteriores do artigo, clique nos links abaixo:

Parte I (Stratocaster)
Parte II (Les Paul)

É recomendável também que você leia nosso tutorial partes de uma guitarra elétrica, caso não conheça bem as partes da guitarra ou tenha dúvidas sobre o seu funcionamento.

SUPERSTRATS


Conforme contamos na primeira parte do artigo, a Fender lançou na década de 50 um modelo revolucionário de guitarra, a Fender Stratocaster. Apenas um instrumento supera a Fender Stratocaster em termos de impacto no mundo da música, o baixo elétrico da própria Fender, já que esse instrumento mudou para sempre o som do Rock',n Roll e de toda a música popular no mundo.

Mas desde os anos 50, várias tentativas têm sido feitas para aperfeiçoar o design original da Fender Stratocaster, já que, apesar de ser um instrumento fantástico, tem os seus problemas, em especial:
  • Captadores ruidosos e de baixa saída
  • Design ineficiente da ponte, que gera desafinações, se usada em "manobras radicais"
  • Acesso dos dedos na parte final do braço
A partir dos anos 80, uma nova geração de guitarristas que teve a  frente o grande  Eddie Van Halen,  chegou e mudou para sempre  o mundo da guitarra, com uma abordagem mais virtuosa do instrumento e técnicas que exigiam uma guitarra com design diferente.

Não por acaso, o próprio Van Halen com a sua famosa guitarra "frankstein", feita por ele mesmo, foi um dos primeiros a mostrar que tipo de instrumento a nova geração de guitarristas queria. Basicamente, as modificações desses modelos, que ficaram conhecidos como Superstrats, eram as seguintes:

Superstrat Kramer
  • Braço mais fino e com "radius" (curvatura da escala) apropriado para permitir uma regulagem ("ação") mais baixa das cordas, permitindo solos mais velozes e precisos.
  • Corpo redesenhado para facilitar acesso dos dedos às notas mais agudas.
  • Captadores "humbuckers", que são mais silenciosos e têm mais volume de saída do que os "single coils" originais da Fender.
  • Ponte com o sistema "Double Lock", que permite alavancadas radicais sem desainar a guitarra.
Esse último ítem (ponte "locking") já tinha o seu design desenvolvido desde o final dos anos 70, em especial pelos fabricantes Floyd Rose e Khaler, especialmente a primeira, que se tornou praticamente um sinônimo de ponte "locking"

Como funciona esse sistema "double locking" ? O próprio nome já dá uma pista, as cordas ficam "travadas" em ambas extremidades, perto do braço pela "locking nut ", que é uma nut com presilhas e parafusos, que uma vez apertados, "travam" as cordas impedindo que deslizem (e desafinem !) e na outra extremidade pela própria ponte. A coisa funciona assim: o guitarrista afina a guitarra normalmente pelas tarraxas e depois "trava" as cordas com os parafusos da "locking nut". Una vez presas, as cordas podem ainda sofrer um ajuste de afinação através dos controles de micro-afinação da ponte.

Ponte tipo "Floyd Rose"



Partes de uma ponte tipo Floyd Rose

Parece complicado ?! Pois você não viu nada ainda ! Como tudo na vida, esse sistema têm suas vantagens e desvantagens. De fato, é um sistema muito mais estável do que as pontes originais da Stratocaster, caso esteja instalada com a famosa "back box" permite alavancar nas duas direções, tensionando e distendendo as cordas e quase que somente com esse tipo de ponte é possível reproduzir os famosos efeitos criados por Van Halen !

Infelizmente, essa versatilidade tem um custo e não são poucas as desvantagens dessas pontes. Vamos listar algumas, sempre lembrando que são opiniões pessoais minhas e muitos guitarristas não concordariam com esses pontos:
  • Como é um sistema mecânico mais complexo e com mais peças, está muito mais sujeito à manutenção e problemas por desgaste, quebra, ferrugem, etc.
  • Precisa de um Luthier experiente para regular, até mesmo para uma simples troca de cordas. Com o tempo, o guitarrista acaba aprendendo alguns procedimentos mas para o iniciante é impraticável.
  •  Pontes do tipo "Floyd Rose" baratas, como as que vêm nas guitarras chinesas, são muito ruins, em pouco tempo começam a apresentar problemas e nem de longe, conseguem reproduzir a performance da Floyd Rose original ou de outras de primeira linha, como as fabricadas pela Gotoh.
  • Outro problema é que principalmente com a "back box", a ponte trabalha "flutuando", ou seja, ela repousa em uma posição de equilíbrio gerada pela tensão das cordas por um lado e pelas molas de outro. É diferente da ponte da Stratocaster que repousa apoiada no corpo do instrumento. E quais as desvantagens disso ? Primeiro, se uma corda arrebentar, as outras perdem a afinação. E pior, em alguns estilos como o Blues e o Country são comuns fazer uma "bend" em uma corda enquanto sustenta outra nota em outra corda. Se fizer isso em uma ponte flutuante, certamente a nota sustentada vai desafinar. Existe um sistema para compensar esse problema conhecido como "ZR" mas  as pontes que implementam são mais caras (e mais complicadas de regular).
  • Segundo alguns músicos, o maciço bloco de metal que é uma ponte "locking" compromete um pouco o timbre final do instrumento.
Não por acaso, após os anos 80 esse tipo de guitarra perdeu muita popularidade e o que vimos foram os músicos do indie e do grunge voltando para os modelos clássicos de guitarra.

Ainda assim, muitos iniciantes querem uma guitarra assim, pois têm o objetivo de se tornarem guitarristas mais técnicos e seus ídolos usam esse tipo de guitarra. Mas devido aos problemas citados acima, não recomendo você comprar uma Superstrat com Floyd Rose se:
  • Na sua cidade não tiver um Luthier competente.
  • Se você não puder comprar um instrumento de ótima qualidade.
A seguir, alguns vídeos mostrando o som característico das Superstrats para você conhecer melhor. Na parte final do artigo, vamos apresentar algumas conclusões e falar um pouco de outros modelos, até lá e abraços !





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